O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou alta de 0,4% no segundo trimestre de 2025, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma desaceleração em relação ao primeiro trimestre, quando a economia brasileira avançou 1,4%.
O desempenho confirma as expectativas de analistas, que já previam um crescimento mais moderado, diante do cenário de juros altos, queda nos investimentos e perda de ritmo em setores estratégicos.
Agricultura recua, mas mantém saldo positivo no ano
O setor agrícola apresentou estabilidade no trimestre, com variação de 0%, após forte crescimento no início do ano. No acumulado de 12 meses, a atividade ainda registra expansão de mais de 10%, reflexo da safra concentrada no primeiro trimestre.
Esse resultado era esperado, já que grande parte da produção agrícola foi antecipada. Ainda assim, o setor continua sendo um dos motores da economia no comparativo anual.
Indústria segue em alta, mas com ritmo mais lento
A indústria brasileira conseguiu apresentar crescimento no segundo trimestre, impulsionada principalmente pela indústria extrativa. No entanto, o desempenho foi mais fraco do que no trimestre anterior, refletindo os desafios de demanda e de custos.
O setor industrial ainda enfrenta os efeitos dos juros elevados, que encarecem o crédito e reduzem o fôlego dos investimentos produtivos.
Serviços surpreendem e mostram força do consumo
O grande destaque positivo veio do setor de serviços, que registrou crescimento de 0,6%. A expectativa era de estabilidade ou até retração, mas o bom desempenho foi sustentado pela capacidade de consumo das famílias brasileiras, apoiada pela melhora do mercado de trabalho.
Esse resultado confirma o papel central dos serviços na economia do país, já que eles representam a maior fatia do PIB nacional.
Queda nos investimentos preocupa
Um dos pontos de maior atenção nos dados do IBGE foi a queda de mais de 2% nos investimentos em capacidade produtiva. Embora o acumulado anual ainda permaneça positivo, o recuo sinaliza que a política monetária restritiva — com taxa de juros em torno de 15% — está impactando diretamente as decisões de expansão das empresas.
Sem retomada consistente dos investimentos, a tendência é de que o crescimento futuro da economia continue limitado.
Gastos do governo e setor externo
Os gastos do governo caíram no trimestre, reflexo do atraso na aprovação do orçamento e do adiamento de pagamentos, incluindo precatórios que só foram quitados posteriormente.
No setor externo, o Brasil apresentou saldo positivo: as exportações superaram as importações. Parte desse desempenho se deve à antecipação de embarques para os Estados Unidos e à redução das compras externas.
O que esperar para os próximos meses?
Economistas avaliam que a economia brasileira deve seguir em ritmo moderado no segundo semestre de 2025. O consumo das famílias segue como pilar de sustentação, mas os juros elevados e a queda nos investimentos podem limitar a expansão.
A expectativa é que o debate sobre a redução da taxa Selic ganhe força, com o objetivo de estimular a retomada dos investimentos e garantir maior dinamismo ao PIB em 2026.