Uma megaoperação da Polícia Federal e da Delegacia de Proteção e Defesa do Meio Ambiente chamou atenção nesta semana pela grandiosidade. O que parecia uma simples casa de família em Magé, na Baixada Fluminense, revelou-se um criadouro clandestino repleto de aves e répteis. Granadas de efeito moral abriram caminho para os agentes, que encontraram quartos lotados de pássaros silvestres mantidos ilegalmente.
Ao todo, mais de 700 animais foram apreendidos, incluindo araras, tucanos, jiboias e até espécies ameaçadas de extinção, como o mico-leão-dourado. Durante a ação, cerca de 50 pessoas foram presas, e a Justiça determinou o bloqueio de R$ 2 milhões em bens ligados aos investigados.
Estrutura da Operação
A ação mobilizou dezenas de agentes em diferentes municípios, como São Gonçalo e Duque de Caxias. Além da logística policial, a operação contou com transporte especializado, equipes veterinárias e infraestrutura para garantir a segurança e o bem-estar dos animais resgatados.
Investigações apontam que o grupo criminoso mantinha ligações internacionais, inclusive com tráfico de espécies para países como Suriname e Togo, a mais de 6 mil quilômetros do Brasil.
O Custo de Proteger a Fauna
Operações desse porte demandam altos investimentos financeiros. Segundo estimativas de especialistas em segurança e meio ambiente, os custos podem chegar a milhões de reais quando se considera:
- Uso de granadas de efeito moral e armamentos especializados;
- Mobilização de centenas de policiais federais e ambientais;
- Deslocamentos entre diferentes cidades;
- Estrutura para transporte de mais de 700 animais;
- Acompanhamento veterinário e abrigos temporários;
- Custos judiciais e de inteligência para rastrear a rede criminosa.
Em termos comparativos, ações ambientais de grande escala podem ultrapassar os R$ 5 milhões, dependendo da logística e da quantidade de animais envolvidos. Ainda que o valor seja elevado, autoridades destacam que o prejuízo para a natureza e para a biodiversidade seria muito maior se esses animais permanecessem no comércio ilegal.
Um Mercado Bilionário e Criminoso
O tráfico de animais silvestres é considerado o terceiro maior comércio ilegal do mundo, perdendo apenas para drogas e armas. No Brasil, movimenta cerca de R$ 2,5 bilhões por ano, segundo dados do Ibama e de ONGs ambientais.
A operação no Rio de Janeiro mostra como o crime organizado utiliza até aplicativos de mensagens e feiras clandestinas para movimentar esse mercado. Além da exploração de espécies raras, há indícios de lavagem de dinheiro, com tentativas de mascarar lucros obtidos com o tráfico.
A operação cinematográfica que resgatou mais de 700 animais silvestres no Rio de Janeiro expõe não apenas a crueldade do tráfico, mas também os altos custos para o Estado e para a sociedade na luta contra o crime ambiental. O investimento milionário em operações desse tipo é fundamental para proteger a biodiversidade brasileira e combater organizações criminosas cada vez mais sofisticadas.