É mais fácil apontar para o prato de quem já tem uma doença qualquer. Ora, ora, quem é hipertenso, por exemplo, deveria fechar a boca para tudo o que contém excesso de sódio, se não quiser ver a pressão arrebentando os seus vasos. E quem tem diabetes deveria controlar suas garfadas em alimentos ricos em açúcares para a sua glicemia não ser arremessada às alturas. Por aí vai.
Difícil é esmiuçar nossas crenças sobre a tal “dieta equilibrada” e dizer o que um sujeito esbanjando saúde deveria comer ou beber rotineiramente se quiser viver mais. Em suma: o que a ciência tem a dizer sobre alimentação e longevidade?
Durante XIX Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que terminou no último sábado (25), a pergunta foi entregue a ninguém menos do que Frank Hu. E, claro, você não tem a obrigação de conhecê-lo. Mas eu diria que os organizadores do evento da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) fizeram a pergunta complicada à pessoa certa.
Professor de Nutrição e Epidemiologia da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Frank Hu talvez seja o cientista que mais publica trabalhos no mundo inteiro relacionando padrões alimentares à prevenção de doenças e quase sempre envolvendo centenas de milhares de pessoas. É, ainda, membro do comitê que.
Segundo ele, uma em cada cinco mortes ao redor do planeta tem a ver simplesmente com uma dieta empobrecida. “Isso significa que ela tem um peso maior do que qualquer outro fator de risco que você possa imaginar”, apontou, mencionando a estimativa publicada na revista The Lancet, meses antes da explosão da pandemia, em final de 2019.
E o que seria a tal dieta empobrecida, então? “Uma alimentação com porções insuficientes de grãos integrais, frutas, hortaliças, castanhas e sementes e, em compensação, com muitos goles de bebidas açucaradas, consumo frequente de carne vermelha ou, pior, de carne processada”, começou.
O bife nosso de cada dia — ou do dia que o nosso bolso permite — é.