O Nepal mergulhou no caos, milhares de jovens, em sua maioria da chamada “Geração Z”, tomaram as ruas contra a corrupção e um projeto de soberania digital que daria ao governo comunista poder para regular e censurar as redes sociais. O estopim desencadeou uma onda de violência sem precedentes.
Na repressão, ao menos 22 mortos e mais de 400 feridos foram registrados em Katmandu e Itahari. Mas a pressão popular quebrou a espinha do regime: o Congresso foi incendiado, ministros expulsos e o presidente Ram Chandra Paudel retirado de helicóptero após seu gabinete ser atacado.
A revolta ganhou força decisiva quando o Exército do Nepal e a Força de Polícia Armada (APF) se renderam em Bhaisepati e se uniram aos manifestantes. Jovens armados invadiram o Palácio Presidencial e incendiaram residências de líderes políticos comunistas. A casa do ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, aliado histórico de Pequim, foi destruída; sua esposa ficou presa no incêndio e morreu com graves queimaduras. Khanal, que governou em 2011 pelo Partido Comunista do Nepal (Marxista-Leninista Unificado), era conhecido por aprofundar os laços estratégicos com a China.
Enquanto as ruas eram tomadas, o Parlamento, prédios históricos, a Suprema Corte, a Procuradoria-Geral e veículos oficiais foram incendiados. A prisão de Nakkhu foi invadida e libertou o opositor Rabi Lamichhane, líder do Partido Nacional Independente, preso por desvio de fundos. Dois ministros da coalizão renunciaram em protesto contra a violência da repressão.
O aeroporto internacional de Katmandu foi fechado, e Índia, União Europeia e França emitiram alertas, cobrando investigação independente das mortes e respeito às liberdades fundamentais.
O levante, já chamado de “Revolução da Geração Z”, transformou-se em um movimento que desafia o sistema político e militar do Nepal – e pode redesenhar o futuro de um país historicamente preso à órbita da China.
Por:
Journalist, International Correspondent